Fado Tropical - Chico Buarque
Oh, musa do meu fado
Oh, minha mãe gentil
Te deixo consternado
No primeiro abril
Mas não sê tão ingrata
Não esquece quem te amou
E em tua densa mata
Se perdeu e se encontrou
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal
"Sabe, no fundo eu sou um sentimental
Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo ( além da sífilis, é claro)
Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar
Meu coração fecha os olhos e sinceramente chora..."
Com avencas na caatinga
Alecrins no canavial
Licores na moringa
Um vinho tropical
E a linda mulata
Com rendas do alentejo
De quem numa bravata
Arrebata um beijo
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal
"Meu coração tem um sereno jeito
E as minhas mãos o golpe duro e presto
De tal maneira que, depois de feito
Desencontrado, eu mesmo me contesto
Se trago as mãos distantes do meu peito
É que há distância entre intenção e gesto
E se o meu coração nas mãos estreito
Me assombra a súbita impressão de incesto
Quando me encontro no calor da luta
Ostento a aguda empunhadora à proa
Mas meu peito se desabotoa
E se a sentença se anuncia bruta
Mais que depressa a mão cega executa
Pois que senão o coração perdoa"
Guitarras e sanfonas
Jasmins, coqueiros, fontes
Sardinhas, mandioca
Num suave azulejo
E o rio Amazonas
Que corre trás-os-montes
E numa pororoca
Deságua no Tejo
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um império colonial
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um império colonial
segunda-feira, outubro 15, 2007
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3 comentários:
Que pena esta belíssima música, me parecer hoje, tão distante no tempo, amigo Bruno...
Abraços para vocês.
Então pinguim, que esmorecimento é esse!? Redescobri este fado no filme "Fados" e fiquei encantado com a música.
Abraço,
Recebi por mail a seguinte noticia, que achei assim qualquer coisa a rondar o repugnante, o absurdo, o cruel...
Por favor assinem a petição:
"Um artista (não sei como o consideram como tal) da Costa Rica, Guillermo Habacuc Vargas, expôs um cão vadio faminto numa galeria de arte (mais uma vez ultrapassa-me como tal 'instituição' considera o sofrimento e a tortura para gáudio público uma forma de arte). O cão estava preso por uma corda curta. Ninguém alimentou ou deu água ao animal, que inevitavelmente acabou por morrer durante a exposição. Este ser humano foi, imagine-se, o 'artista' escolhido para representar o seu país na 'Bienal Centro americana Honduras 2008'."
Existe uma petição onde é pedido que ele não receba este prémio:
http://www.petitiononline.com/13031953/petition.html
Para quem conseguir ver as imagens da exposição:
http://www.marcaacme.com/blogs/analog/index.php/2007/08/5_piezas_de_habacuc
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