Finalmente, depois de muitos adiamentos, lá fomos ver a colecção Rau no Museu Nacional de Arte Antiga. Ao contrário do que pensávamos, a exposição é paga ao Domingo de manhã e estava muita gente. Os quadros foram vistos por entre os ombros e as cabeças do povo, mas valeram bem os 5 Euros gastos.
No meio da exposição, à minha frente, um jovem casal com os seus dois rebentos saídos do catálogo da Betolândia, com os seus 3 e 4 anitos. Até ali tudo bem, até abrirem a boca. A mãe, com um ar negligé, até nada beto, resolve apontar para um quadro e diz para o filhote:
- 'Tá a ver Guilherme, como é as pessoas se vestiam naquele tempo. Já viu os folhos? Não acha o máximo?
Nesse mesmo instante, procurei o Bruno rapidamente, antes de ter oportunidade de ouvir mais qualquer coisa que me provocasse uma indigestão do meu pequeno-almoço. Passámos uns quantos quadros à frente e não pudemos de deixar de ficar presos à luz da Praça de S. Marcos de Canaletto de que a imagem não faz juz.
Detivemo-nos a contemplar a luz, as sombras, os dourados, com a distância respeitosa que alguns quadros merecem. Nisto, o dito casal aproxima-se e colocam-se estrategicamente à nossa frente, tirando-nos o espaço para a contemplação. As últimas palavras que lhes ouvimos foram:
- Ah que engraçado, nós já estivemos aqui. Lembra-se Guilherme? - diz o pai.
E o puto de 4 anitos encolhe os ombros. A mãe volta a insistir:
- Não se lembra Guilherme? Tivemos lá a tomar um café à noite.
Um olhar cúmplice entre mim e o Bruno, um acelerar de passo, uma passagem em passo rápido no resto da exposição e um pulo na colecção permamente do Museu para rever as Tentações do Bosh e os Painéis de S. Vicente.
domingo, setembro 17, 2006
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1 comentários:
o que agrada mais nesse quadro são os cãezinhos no canto inferior esquerdo.
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