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Assim começa um poema de Eugénio de Andrade.
Não acho que este verso seja totalmente o espelho da minha alma neste momento, apesar de me sentir um pouco vazio e vegetal.
Não sei o que sinto... não sei como me sinto... mas sei que não estou bem!
Sinto-me excluído, vazio, oco, sem nexo.
Sinto que estou a perder valor, que por entre os dedos me foge a vontade, a verdade e a realidade.
Sinto que não existo, que não sou ninguém.
Parece que apesar de todos os meus esforços e empenhos, não consigo alterar o sentido e os caminhos das coisas.
Às vezes fico parado breves instantes, apenas a ouvir os sons do silêncio, à espera que na minha mente surga alguma luz que me faça ver a situação de forma diferente; um outro ângulo, outra perspectiva, uma outra visão...
Acho que estou de fora... de fora das mais variadas partes da vida humana e que independentemente de tudo o que eu faça nada vai mudar. É algo semelhante ao verso do José Régio "não sei por onde vou... não sei para onde vou... sei que não vou por ai".
Sinto-me incompreendido. Estou inquieto. Sou inconformado!
"Não sei o que quero, mas quero-o já!" é a frase que mais vezes ecoa na minha cabeça. Preciso de me ouvir, preciso que me ouçam. Alguém que ouça não aquilo que digo, mas os sons que não se ouvem. Será assim tão complicado?!
Parece que tudo e todos são independentes das minhas atitudes, acções e vontades.
Sinto-me um sapo das histórias de encantar, a quem lançaram um feitiço sem saber porquê e como quebrar o enguiço.
Só espero que as palavras da Sophia algum dia possam fazer sentido: "Quando eu morrer voltarei para buscar, os instantes que não vivi junto do mar."
sábado, julho 24, 2004
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