quinta-feira, agosto 30, 2007

As palavras Interditas

23:49

É outono, desprende-te de mim.

Solta-me os cabelos, potros indomáveis
sem nenhuma melancolia,
sem encontros marcados,
sem cartas a responder.

Deixa-me o braço direito,
o mais ardente dos meus braços,
o mais azul,
o mais feito para voar.

Devolve-me o rosto de um verão
sem a febre de tantos lábios.
Sem nenhum rumor de lágrimas
nas pálpebras acesas.

Deixa-me só, vegetal e só,
correndo como um rio de folhas
para a noite onde a mais bela aventura
se escreve exactamente sem nenhuma letra.

(Eugénio de Andrade in “As palavras Interditas", 1951)

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5 comentários:

Anónimo disse...

O Eugénio de Andrade diz-se a si mesmo, "diz-se" porque é mais um eterno. Mas há necessidade de antecipares o que ainda não chegou? Ficamos tanto tempo à espera do Verão e já andas a pansar no Outono? Ou é a tua veia nostálgica que veio ao de cima com os tons dourados do regresso às aulas dos hipermercados? Beijos, Brunito, eu afinal também gosto muito do Outono.

Anónimo disse...

Acho que é a minha veia nostálgica. ;-)

João Roque disse...

Meu caro Bruno
não poderás imaginar o que senti ao ler, de novo, este poema de Eugénio de Andrade...
Foi com este poema, enviado por carta (os mails ainda não existiam), que a pessoa com quem tive a minha primeira ligação, rompeu essa mesma ligação, daí, eu sentir cada palavra como uma lâmina rasgando-me, pese embora, com o tempo passado, tenha que reconhecer que é um poema muito belo.
Hoje somos amigos e ainda agora recordamos este poema!
Abraço aos dois.

Anónimo disse...

Boa noite pinguim,
A poesia de Eugénio de Andrade de uma forma geral e este poema em particular possuem uma força que serve para todos os grandes momentos que definem as nossas vidas.
Abraços,

Unknown disse...

fix!

 

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