quarta-feira, novembro 30, 2005

... Todo tiempo futuro tiene que ser mejor

12:35

Ao contrário do que muitos de vós possam pensar, não fui para Cuba de férias mas sim em trabalho. Estive pois, muito distante das estâncias balneares de Varadero e das exóticas ruas movimentadas de Havana. Passei esta última semana em Santiago de Cuba, onde pude deslocar-me a alguns lugarejos nas suas imediações e outras pequenas cidades perto.

Só me senti turista quando fui num tour por Santiago e à praia por algumas horas. Confesso que ficava muitas mais horas naquela praia, onde o Sol não parava de brilhar e as águas... oh como eram límpidas e quentes!!!

Não sei se o que vi foi a Cuba profunda, mas certamente que o facto de não ir como turista permitiu-me ver Cuba com outros olhos e estar muito mais próximo dessa realidade do que alguma vez pensaria vir a estar. Como cheguei a dizer a alguns colegas meus, foi impossível ficar indiferente àquela ilha, àquele regime, àquelas pessoas e, sobretudo, foi impossível ficar indiferente à miséria que se vive naquele território.

Ao longo desta semana, pudemos contactar directamente com os locais, num contacto estreito mas ao mesmo tempo prudente (da parte deles). Apercebi-me da sua tristeza não exteriorizada que contrastava em muito com o garrido dos seus edifícios coloniais degradados, das suas vestes e, sobretudo, da alegria da sua música que nos assaltava a cada viagem de gua-gua (diz-se uá-uá), no táxi e nos restaurantes.

No hotel, tínhamos televisão por cabo. A CNN era o único estação televisiva que nos ligava ao mundo exterior. Claro, também havia internet, mas a preços exorbitantes e a uma velocidade abaixo do aceitável para os nossos padrões ocidentais. Tudo o resto era propaganda. Na TV do Estado passava a recuperação dos discursos históricos de Fidel, a história de Che Guevara, Martí... repetidos até à exaustão. A mesma propaganda papagueada sempre que, numa situação ou outra, perguntávamos aos cubanos sobre a sua situação política.

Uma resposta de um ancião de quase 70 anos respondeu-nos um dia: "Ora, se ser comunista é ter educação gratuita, é poder ser-se operado a uma vista sem ter de pagar nada, então sou comunista".

Estou de volta. Diferente. Apanhei uma estalada da vida. Cresci uma vez mais por observar os outros. Confesso que ainda me sinto lá, e que fiquei abalado com a experiência. Na minha mente ficou este cartaz afixado numa das mais importantes avenidas de Santiago, e no meu coração, ficou o desejo que ele se concretize.



Nem tudo foi triste e cinzento. Mas por agora, estou em fase de balanço. Quero lembrar-me das coisas boas... O voltar a casa, trouxe à tona o pior dos egoísmos, de pensar que sou um felizardo por viver num sítio onde, apesar de tudo, posso ser livre e fazer o que quero com o meu destino, enquanto que lá, a ditadura continua...

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1 comentários:

Nic disse...

estas estaladas da vida so nos fazem bem!
:)

 

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