Não foi preciso muito tempo para o meu namorado de então deixar de o ser. Durante esse período, a convivência com o noivo da boda continuou. Fez perguntas inteligentes sobre a homossexualidade e soube rir e chorar connosco de tudo isso.
Quiseram os acontecimentos fazer com que esse grupo de Verão, deixasse de ter o mesmo significado que tinha noutros tempos. Cada um escolheu o seu destino e tomou as suas decisões. Como é costume nestas coisas, o meu ex deixou de ser um amigo, a amiga escolheu um dos lados, que não o meu, e o noivo embeiçou-se por uma rapariga, também colega e conhecida de longa data. Os anos passaram e as coisas não voltaram a ser o que eram. Ainda bem. Graças a isso pude cruzar a minha vida com a do Bruno.
O noivo teve a oportunidade de o conhecer pessoalmente pouco tempo depois e, a partir daí, passou sempre a perguntar por ele sempre que me via e a mandar-lhe cumprimentos. Até que um dia fiquei a saber que ele ia casar-se. E assim foi, combinou comigo para me entregar convite pessoalmente. Lá acedi, e fomos tomar um café atribulado, constantemente interrompido por telefonemas. Deu-me então o convite e teve de se ausentar por largos minutos para tratar de umas coisas. Já sozinho, aproveitei para olhar melhor para o convite e só então reparo que no envelope verde fluorescente estava escrito a dourado: Miguel e Bruno.
Fiquei feliz. Tinha dado por adquirido que o convite seria só pessoal. Surpreso, ligo ao Bruno e digo-lhe que fomos convidados para o nosso primeiro casamento hetero, como um casal.
Quando o noivo regressou à mesa, agradeci-lhe em meu nome e do Bruno e disse-lhe que eles tinham feito um gesto bonito e importante para nós. Nem ousei na altura perguntar que outros conhecidos iriam estar presentes, aliás porque a lista podia ser imensa. Mas nada disso tinha importância nesse momento. Disse-lhe prontamente que sim, que eu iria ao casamento, mas que teria de falar primeiro com o Bruno para saber se ele estava disposto a ir. Afinal, ele mal conhecia as pessoas e não sabia se iria sentir-se à vontade.
O noivo percebeu o dilema e disse-me para confirmarmos assim que pudéssemos para a reserva das mesas. Finalmente, decidimos ir juntos, como um casal. Discretos, claro, mas não menos casal por isso. Quando finalmente lhe enviei um SMS com a nossa confirmação, obtive a seguinte resposta pela mesma via: "Não esperava outra coisa de vós".
(continua...)
segunda-feira, outubro 30, 2006
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