terça-feira, dezembro 21, 2004
Feliz Natal para todos!
01:32
Quando a maioria de vocês ler este post já eu estarei a caminho do Portugal profundo.
Mais um Natal que se aproxima e mais uma viagem em direcção ao verdadeiro Portugal.
O "Pertegale" onde a TV que mais facilmente se apanha é a TVE, onde os jornais vêm contados para os leitores habituais, onde se cumprimenta toda a gente na rua mesmo que não se saiba exactamente quem é, onde às 20:00 já as ruas estão desertas e onde a palavra família ainda tem a importância de fazer as pessoas deslocarem-se centenas de Km apenas para estarem meia dúzia de dias junto daqueles que gostam.
Este ano a minha reunião familiar será um pouco mais triste, uma vez que o recente falecimento do meu avô vai concerteza moderar o espírito de comemoração e de festa, motivada pela sua ausência.
Sei que após 8 horas de expresso terei uma avó sorridente à minha espera, uma mesa farta com tudo aquilo que eu gosto, uns primos a olhar com um ar curioso e os mesmos velhotes sentados no alpendre a tentar apanhar algum calor do sol de inverno... e que me vão cumprimentar num jeito de velhos dos marretas.
Sei que por aqueles lados está muuuuuito frio (até já comprei um chapéu com protectores de orelhas)... e que quem conseguir acordar antes das 10 da manhã pode admirar a erva e os ramos das árvores cobertos de gelo. Aquele céu acinzentado de inverno integrado na paisagem agreste de castanhos e cinzas, só pode ser comparado à beleza do azul do céu de Lisboa.
Sei que vou passar 4 dias a fazer as mesmas coisas que faço de cada vez que lá vou passar o Natal: ir ao pinhal buscar uma árvore (de Natal) para colocar na sala, o ritual de enfeitar a árvore e a sala de jantar que passa por todos... afinal toda a gente tem algo a dizer - ou melhor a fazer -, a azáfama crescente na cozinha dia após dia, as conversas nocturnas na cozinha que continuam até o último tronco da lareira se apagar e o esforço de se conseguir adormecer numa cama com 7 ou 8 cobertores (uma aventura... acreditem!).
Todos estes rituais que tenho repetido de forma mais ou menos regular ao longo de 27 anos servem para preparar a grande noite de dia 25 de Dezembro.
Todos se levantam cedo para ajudar nas várias tarefas da casa. Começam os fritos na cozinha, os assados no forno e a lenha cortada e empilhada na entrada. Afinal a noite será longa.
Depois de um dia entretidos com as várias ocupações, o almoço e o lanche acabam por ser todas misturadas e cada um acaba por ir comendo ao longo do dia. À medida que a noite se aproxima e avança, tudo fica mais calmo e mais silencioso.
É o momento da ceia de Natal... com direito a encore de Missa e Fogueira do Galo.
Como diz Charles Dickens na introdução do livro desta semana:
Embrenhei-me neste assombrado livrinho para avivar o espírito de uma ideia. Que ele não ponha o leitor de mal consigo, nem com os outros, com o tempo ou comigo. Que ele invada agradavelmente a sua casa e que ninguém sinta o desejo de o pôr de lado.
Este é o meu desejo para todos!
Feliz Natal!
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