quarta-feira, julho 07, 2004

What's wrong with a kiss, boy?

21:01

Não se sabe como surgiu o primeiro beijo da humanidade. As referências mais antigas aos beijos foram esculpidas por volta de 2.500 a.C. nas paredes dos templos de Khajuraho, na Índia.

Entre os persas, na Antiguidade, os homens trocavam beijos na boca. Mas só entre pessoas do mesmo nível social. Se um dos homens fosse considerado hierarquicamente inferior, o beijo deveria ser dado no rosto.

Até a segunda metade do século IV a.C., os gregos só permitiam beijos na boca entre pais e filhos, irmãos ou amigos muito próximos. O filósofo Platão declarava "sentir prazer em beijar".

Os romanos tinham 3 tipos de beijos: o basium, trocado entre conhecidos; o osculum, dado apenas em amigos íntimos; e o suavium, que era o beijo dos amantes. Os imperadores romanos permitiam que os nobres mais influentes beijassem os seus lábios, enquanto os menos importantes tinham de beijar as suas mãos. Os súbditos podiam beijar apenas os pés.

Para assustar os seus filhos pequenos, as mães nativas da Indochina francesa ameaçavam dar "um beijo de homem branco".

Em nenhuma língua celta existe a palavra "beijo".

No período da Renascença, o beijo na boca era uma forma de saudação muito comum. Na Inglaterra, quando se chegava a casa de alguém, o visitante beijava o anfitrião, a mulher, todos os filhos e até mesmo o cão e o gato.

Em muitas tribos africanas, os nativos reverenciavam o chefe beijando o chão que ele pisava.

Antigamente, na Escócia, o padre beijava os lábios da noiva no final da cerimônia de casamento. Dizia-se que a felicidade conjugal dependia dessa benção em forma de beijo. Depois, na festa, a noiva deveria circular entre os convidados e beijar todos os homens na boca, que em troca lhe davam algum dinheiro.

Na Rússia, uma das mais altas formas de reconhecimento oficial era um beijo do czar.

No século XV, os nobres franceses podiam beijar qualquer mulher que quisessem. Na Itália, entretanto, se um homem beijasse uma donzela em público naquela época era obrigado a casar-se imediatamente com ela.

O "beijo francês" é aquele em que as línguas se entrelaçam. Também é conhecido como "beijo de língua". A expressão foi criada por volta de 1920. Na França, o "beijo francês" é conhecido por "beijo inglês". Depois da era Bush provavelmente deve-se chamar "Freedom Kiss".

Na linguagem dos esquimós, a palavra que designa beijar é a mesma que serve para dizer cheirar. Por isso, no chamado "beijo à esquimó", eles esfregam os narizes. No Nordeste brasileiro, também se usa a palavra "cheiro" no lugar de "beijo".

Em 1909, um grupo de americanos que consideravam o contacto dos lábios prejudicial à saúde criou a Liga Antibeijo.

Boatos no final do século XIX atribuíam à estátua do soldado italiano Guidarello Guidarelli, obra do século XVI assinada por Tullio Lombardo, o poder de arranjar casamentos fabulosos a todas as mulheres que a beijassem. Desde então, mais de 7 milhões de bocas já tocaram a escultura em Veneza.

Por causa do chefe de polícia de Tóquio, que achava o acto de beijar sujo e indecoroso, foram apagados dos filmes norte-americanos mais de 243.840 metros de cenas de beijos.

Oliver Cromwell, no século XVII, proibiu que fossem dados beijos aos domingos na Inglaterra. Os infractores eram condenados à prisão.

Em Portugal, no século XXI, mesmo que a Constituição proíba a discriminação com base na orientação sexual, dois homens e/ou duas mulheres não se podem beijar publicamente podendo ser expulsos por agentes da autoridade de recintos públicos (leia-se Parque Eduardo VII), ou semi-públicos (leia-se Jardins da Fundação Calouste Gulbenkian).



Amanhã não vamos ao Parque. Mas para quem lá estiver. Beijem, beijem muito!

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